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Chegada das Artes Marciais Chinesas no Brasil

  Dentre as artes marciais de origem asiática que, desde o final do século XIX, se espalharam pelo mundo e chegaram ao Brasil, estavam as artes marciais chinesas. Nomeadas, muitas vezes como Kung Fu, Wushu ou Kuoshu, estas artes (no plural) englobam um conjunto variado de escolas, estilos e variações.

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  As artes marciais chinesas começam a ser mais regularmente praticadas no Brasil entre os anos 1960 e 1980. São Paulo, sendo  o grande centro econômico do país, atraiu, neste período, muitos imigrantes de diferentes países, entre eles muitos chineses. Entre os imigrantes, havia os que trouxeram conhecimentos marciais.

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  Sobretudo a partir da segunda metade dos anos 60, muitos chineses chegam ao Brasil no contexto da “Revolução Cultural”, por meio da qual o regime de Mao Zedong perseguiu, entre outras expressões da cultura tradicional, praticantes, famílias e mestres de artes marciais.  Este processo de imigração motivado por questões políticas ficou conhecido como “diáspora chinesa” e foi um dos marcos fundamentais da difusão de elementos culturais tradicionais da China em diversas partes do mundo.

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  Desde o fim da Guerra Civil, quando o Partido Comunista Chinês, de Mao Zedong, chega ao poder, os seus adversários políticos buscam refúgio naquelas que eram as áreas do país em que o novo governo não tinha poder. Foi o caso das ilhas de Taiwan e também de Hong Kong, protetorado britânico desde o século XIX. No contexto da Guerra Fria, estas regiões foram protegidas pelas grandes potências capitalistas. Foi a partir de Hong Kong e de Taiwan que muitos chineses imigraram para outras partes do mundo, inclusive alguns mestres de Artes Marciais Chinesas que vieram para o Brasil.

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  A maioria dos artistas marciais chineses que chegaram no Brasil sequer imaginava que se tornaria a primeira geração de mestres de Artes Marciais Chinesas por aqui.  Um fator que direcionou a história desses mestres para o ensino das Artes Marciais Chinesas foi a rede de contatos que possuíam com outros imigrantes, que os encorajaram a começar a ensinar seus conhecimentos para as pessoas da sua comunidade no Brasil.

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  Com a explosão de visibilidade global que o Kung Fu passou a receber a partir dos anos 1970, devido a enorme quantidade de produções cinematográficas, televisivas e midiáticas de artes marciais como tema principal, as academias de Artes Marciais Chinesas passam a receber novas demandas. Cresce enormemente a quantidade de não chineses interessados em aprender aquela forma de combate, vista como espetacular.

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  Ao longo do século XX, as lutas, de modo geral, passam a sofrer remodelagem esportiva. Sistemas de graduação começam a ser utilizados para melhor adequação a culturas educacionais diferentes da chinesa tradicional. Novos alunos, sem origem asiática, passam a frequentar o universo das Artes Marciais Chinesas, porém, com objetivos dos mais variados, por exemplo, ligados à auto defesa, à busca de uma vida mais saudável, com objetivo de participarem de competições esportivas ou ligados ao fascínio pelo exotismo “oriental”.

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